Adesivaço pela “liberdade”: o bolsonarismo douradense testa o limite da paciência e da lei

Ora, ora… vejam quem saiu da toca. Em Dourados, os bolsonaristas resolveram reaparecer em bloco, agora travestidos de defensores das “eleições livres”. O slogan parece bonito, quase republicano — se não fosse conduzido por quem passou os últimos anos berrando “intervenção militar já” e sonhando com tanques na rua e AI-5 na cabeceira da cama. Sem falar do plano de assassinato, com um punhal verde e amarelo, do presidente Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
No comando da motociata adesivada, ninguém menos que Gianni Nogueira, vice-prefeita e esposa do “Gordinho do Bolsonaro”. Ela, que parece andar com tempo de sobra — já que a pasta de Assistência Social, entregue aos bolsonaristas na gestão Marçal Filho, segue mais sumida que verba de gabinete — resolveu dedicar o fim de semana a colar adesivos pela cidade, como se colar papel no vidro fosse sinônimo de programa de governo. E aqui, um paradoxo: uma vice-prefeita bolsonarista raiz, como Gianni Nogueira, que quer a “caveira” de Lula, comandando uma secretaria da área de políticas públicas sempre desprezadas pela dita extrema direita.
A pergunta que fica no ar é inevitável: será que o prefeito Marçal Filho está por trás dessas manifestações? Ou finge que não vê — aquele silêncio cúmplice que, em política, fala mais alto que qualquer discurso?
E o que dizer do figurino do time? O vereador Sargento Prates, pasme!, não aderiu, ainda, à bandeira americana, mas fez pior, pois foi visto enrolado numa bandeira brasileira “customizada”: no lugar do céu azul de 15 de novembro de 1889, lá estava o rosto do Messias Bolsonaro, beatificado à revelia do Vaticano e do Tribunal Superior Eleitoral. Se fosse carnaval, passava por alegoria; como é pré-campanha, beira o deboche.
Enquanto isso, silêncio sepulcral do Ministério Público Eleitoral. Nenhum pio sobre campanha antecipada, nenhum olhar para o caixa dois moral — porque, cá entre nós, seria interessante saber de onde virá o dindim para esses adesivos patrióticos: do PL brasileiro ou do Partido Republicano americano? Vai que o Trump, no meio de uma audiência nos Estados Unidos, resolve abrir uma vaquinha online para ajudar a salvar o mito de tornozeleira…
A cidade assiste, perplexa. Uns acham graça, outros acham trágico. Mas uma coisa é certa: se o bolsonarismo douradense pretende mesmo disputar as próximas eleições com esse repertório — adesivo no vidro e Messias na bandeira — preparem-se para mais um espetáculo de patriotismo tropical, com direito a “liberdade” de boca cheia e democracia de mão vazia.