Avanço da varíola dos macacos no Brasil é “muito preocupante”, diz OMS

A líder ténica Rosamund Lewis também alertou sobre a possibilidade de estar havendo uma subnotificação de casos por falta de testes

Avanço da varíola dos macacos no Brasil é “muito preocupante”, diz OMS

Organização Mundial de Saúde (OMS) está preocupada com o avanço da varíola dos macacos no Brasil. Em entrevista na manhã desta terça-feira (26/7), Rosamund Lewis, líder técnica do órgão no combate à doença, avaliou que a situação do país é “muito preocupante”.

“Certamente é muito preocupante para países como o Brasil, que é um país grande, de população tão grande, geograficamente grande, e agora também relatando um número significativo de casos”, disse a especialista.

Lewis também alertou para a possibilidade de estar havendo uma subnotificação de casos por falta de testes e pediu ainda que as autoridades ajam de acordo com a emergência de saúde pública de interesse internacional, decretada pela OMS no último sábado (23/7).

 

A líder técnica assegura que o surto pode ser controlado caso sejam adotadas as estratégias certas. Entre as recomendações da OMS, estão a implementação de uma resposta coordenada para interromper a transmissão e proteger grupos vulneráveis, a intensificação medidas de vigilância e saúde pública, o fortalecimento da gestão clínica, a prevenção e o controle de infecções em unidades de saúde e a aceleração de pesquisa sobre vacinas e tratamentos.

Segundo o diretor-geral do órgão, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o risco da varíola dos macacos é moderado globalmente, com excessão da Europa, que possui maior ocorrência da doença.

 

Na Europa, os casos já ultrapassam 50. Os países com maior número de diagnósticos são Portugal (20), Espanha (23) e Reino Unido (7), de acordo com a agência de notícias AFP. Os EUA também confirmaram um paciente com a doençammpile/ Getty Images

 

Recentemente, diversos países têm registrado casos de pacientes diagnosticados com varíola de macaco, doença rara causada pelo vírus da varíola símia. Segundo a OMS, a condição não é considerada grave: a taxa de mortalidade é de 1 caso a cada 100. Porém, é a primeira vez que se tornou identificada em grande escala fora do continente africanoGetty Images

A doença foi diagnosticada pela primeira vez nos seres humanos em 1970. De acordo com o perfil dos pacientes infectados atualmente, maioria homossexual ou homens que fazem sexo com homens (HSH), especialistas desconfiam de uma possível contaminação por via sexual, além de pelo contato com lesões em pessoas doentes ou gotículas liberadas durante a respiraçãoLucas Ninno/ Getty Images

Segundo o Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), "qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pode espalhar a varíola de macacos por contato com fluidos corporais ou itens compartilhados (como roupas e roupas de cama) contaminados"Roos Koole/ Getty Images

Inicialmente, a varíola de macacos é transmitida por contato com macacos infectados ou roedores, e é mais comum em países africanos. Antes do surto atual, somente quatro países fora do continente tinham identificado casos na históriaseng chye teo/ Getty Images

Entre os sintomas da condição estão: febre, dor de cabeça, dor no corpo e nas costas, inchaço nos linfonodos, exaustão e calafrios. Também há bolinhas que aparecem no corpo inteiro (principalmente rosto, mãos e pés) e evoluem, formando crostas, que mais tarde caemWong Yu Liang / EyeEm/ Getty Images

 

O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias, mas os sintomas, que podem ser muito pruriginosos ou dolorosos, geralmente aparecem após 10 diasMelina Mara/The Washington Post via Getty Images

Por ser uma doença muito parecida com a varíola, a vacina contra a condição também serve para evitar a contaminação. Em casos severos, o tratamento inclui antivirais e o uso de plasma sanguíneo de indivíduos imunizadosNatalia Gdovskaia/ Getty Images

 

Apesar de relativamente rara e transmissível, os especialistas europeus afirmam que o risco de um grande surto é baixoROGER HARRIS/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

Na Europa, os casos já ultrapassam 50. Os países com maior número de diagnósticos são Portugal (20), Espanha (23) e Reino Unido (7), de acordo com a agência de notícias AFP. Os EUA também confirmaram um paciente com a doençammpile/ Getty Images

Recentemente, diversos países têm registrado casos de pacientes diagnosticados com varíola de macaco, doença rara causada pelo vírus da varíola símia. Segundo a OMS, a condição não é considerada grave: a taxa de mortalidade é de 1 caso a cada 100. Porém, é a primeira vez que se tornou identificada em grande escala fora do continente africanoGetty Images

Aumento de casos

Brasil é o sétimo país com mais contaminações por varíola dos macacos no mundo, de acordo com entidades internacionais. Desde o primeiro caso confirmado da doença em território brasileiro, no mês de junho, foram contabilizados 813 casos da doença, conforme o boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgado na tarde dessa segunda-feira (25/7).

O índice de contaminações registrou um aumento de 16,8% desde a última sexta-feira (22), quando foram contabilizados 696 casos. O avanço exponencial de diagnósticos em território brasileiro reflete o crescimento ao redor do mundo, movimento que coloca órgãos de saúde globais em estado de alerta.

 

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Transmissão e sintomas

A transmissão do vírus ocorre, principalmente, por meio do contato com secreções respiratórias, lesões de pele das pessoas infectadas ou objetos que tenham sido usados pelos pacientes. Até aqui, não há confirmação de que ocorra transmissão via sexual, mas a hipótese está sendo levantada pelos cientistas.

O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas costumam aparecer 10 ou 14 dias após o momento da infecção. Os primeiros sinais são febre, mal-estar e dor. Cerca de três dias depois, os pacientes passam a apresentar bolhas pelo corpo – parecidas com as da catapora. A doença termina em um período entre três e quatro semanas.

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/avanco-da-variola-dos-macacos-no-brasil-e-muito-preocupante-diz-oms